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Sem camiseta no mundo

A área médica tende a classificar o pectus como um tipo de deformidade torácica, ou seja, um "defeito", mesmo que na maioria dos casos essa característica não interfira no funcionamento dos órgãos próximos, como coração e pulmão. Ouvi sobre casos em que o peito escavado comprime esses órgãos comprometendo seu funcionamento, sendo necessária uma cirurgia para corrigir o problema. Mas acredito que  esses casos sejam raros - não tenho certeza disso porque não tenho dados. No meu caso, os médicos que me acompanharam desde a infância sempre deixaram claro que não havia esse risco. Era uma criança considerada por eles normal, e que poderia fazer qualquer coisa. Concluo, portanto, que o pectus seja considerado um defeito por uma questão estética, pois impacta somente na aparência do tórax. Fica torto, pro fundo ou pra frente do peito. Fica estranho aos outros e acaba chamando a atenção. Por isso é como se tivesse alguma coisa errada comigo. Com medo da opinião dos outros, tive problemas com auto estima porque me pensava como alguém defeituoso. E assim o constrangimento me fez esconder essa característica com uma regra muito clara: em hipótese alguma tirar a camiseta. Por muito tempo essa ideia foi uma lei que me obrigou a cobrir tórax a todo momento. Assim ninguém percebia. Até na hora de dormir eu não tirava a camiseta. 
Mas a vida me fez encarar essa dificuldade em algumas situações. O primeiro momento que me recordo bem foi na piscina pública da minha cidade natal. Lá com meus 8 ou 9 anos de idade. Nos dias de calor do verão seria ridículo pular com camiseta na água. Então tirei a camiseta tentando esconder aquilo que não podia mais ser escondido. Me lembro dos meus colegas reparando, perguntando o que eu tinha, se doía ou voltava ao normal. Então criei uma fala padrão: "Nasci assim, é uma característica de família, meu tio e meu bisavô tinham". Sempre funcionou, pois é simplesmente uma característica congênita. Depois disso, a surpresa logo se dispersava e as pessoas meio que se acostumavam. Deixava de ser um problema e para ser só mais uma característica. A única exceção foi um colega que disse na minha cara se eu não tinha vergonha de andar sem camisa. Foi uma pergunta carregada de maldade. Mas eu conhecia bem esse rapaz e sabia que ele não estava tão assustado assim com o pectus. Ele queria mesmo me atingir e me fazer sentir ridículo. Na hora eu percebi isso e pensei, se eu continuar a esconder meu peito ele vai conseguir o que quer. Minha resposta a ele foi a padrão, mas a confiança com que falei aquelas palavras me deram muita força pra mudar a minha cabeça a partir daquilo. Não posso me sentir mal por conta da opinião de outra pessoa. Se fosse hoje eu diria: vai ter peito escavado nessa piscina sim!
As oportunidades de tirar a camiseta continuaram a aparecer. Na praia por exemplo não tem outra opção. Tem que tirar a camiseta e pronto. Algumas pessoas reparam, fazer o que? Aliás, eu me sento melhor quando alguém surpreso me pergunta o que eu tenho no peito. Assim eu explico o lance da família e pronto. Agora quando alguém fica olhando e não pergunta nada é pior. Sorte que hoje me importo muito menos com isso. 
As minhas experiências sexuais também foram importantes, mas elas estão em outro conto desse blog, então pesquise lá a postagem sobre ficar com os outros.
Hoje enfrento desafios maiores com sucesso. Correr no Parque Barigui daqui de Curitiba é um deles. Quando chego na pista de corrida logo tiro a camiseta. Principalmente para diminuir o calor e tomar sol porque eu detesto as marcas de bronzeado de camiseta. Pode parecer algo simples, mas alguns anos atrás eu jamais faria isso. Com o tempo eu fui me convencendo que não valia a pena deixar de aproveitar os momentos da vida. Da praia ao parque. Inclusive me espanta como as pessoas aqui em Curitiba não tomam sol sem camiseta, mesmo sob sol escaldante. Parece que somente os fortões podem fazer isso. O que me faz sentir mais corajoso ainda. O ideal seria pegar sol nas coxas também, mas correr de sunga seria chamar a atenção mais do que eu já chamo com meu peito.

Depois disso, sinto que não posso mais ficar com vergonha de mim. Sempre que achar conveniente vou tirar a camiseta. Esse é meu sinal de liberdade e faço muita questão dele. 

Segue agora mais uma sessão do meu peitinho escavado, estrela desse blog. 


Abra os braços para o mundo porque você merece

Se equilibre nas suas decisões, mas não deixe de arriscar

E faça uma pose divertida também

Aproveite e não deixe de entrar na água quando for à uma cachoeira. Sem camiseta, claro.

E tire aquele selfie com seus mamilos

Foto no espelho também é legal. Ainda mais mostrando a mala

Seu peito escavado faz parte de você. Se não pode superá-lo, junte-se a ele

Aquele close de praia não pode faltar. Seu pectus merece pegar um sol também

Olhando pra si mesmo e percebendo que o bronzeado do rosto não é o mesmo do peito. Sintoma que usei camisetas demais


E reflita se vale a pena se frustar por conta do pectus 

E mude de visual também


Tire fotos nus e você vai perceber que o pectus é só mais uma das muitas características do seu corpo


Passeando sem preocupações no Rio Paranapanema, divisa entre São Paulo e Paraná

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